João Batista Vilanova Artigas deve ser considerado a figura central da arquitetura paulista das conturbadas décadas de 1960 e 1970 - e isto sem desmerecer alguns dos mais ilustres colegas de seu tempo, como Rino Levi ou Oswaldo Bratke, mais veteranos, ou Lina Bo Bardi.
Nascido em junho de 1915, o curitibano João Batista Vilanova Artigas, ao lado de Frederico Kirchgässner e Lolô Cornelsen, é responsável pelas primeiras manifestações modernistas na arquitetura de Curitiba.
Graduou-se engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da USP, Artigas, muito embora tenha atuado principalmente em São Paulo, deixou significativas obras na capital, e mesmo no interior paranaense. É dele a antiga estação rodoviária de Londrina, hoje transformada em Museu de Arte.
"Admiro os poetas. O que
eles dizem com duas palavras a gente
tem que exprimir com milhares de tijolos."
Vilanova Artigas
Suas primeiras obras em Curitiba datam dos anos de 1940 quando sua arquitetura era fortemente influenciada pelos projetos de Frank Lloyd Wright. Mais tarde, Artigas assumiu a influência de Le Corbusier, marcadamente reconhecida na residência de João Luiz Bettega, na Rua da Paz, hoje denominada Casa Vilanova Artigas.
É forte na formação de Artigas a convivência com os artistas populares de São Paulo do grupo Santa Helena (a chamada “família artística paulista”).
Paralelamente à atividade de arquiteto, Artigas dedicou-se, ao longo de sua vida, ao magistério; inicialmente na Politécnica de São Paulo, mais tarde, no curso de Arquitetura da USP. Em 1962, quando foi implantado o curso de arquitetura na UFPR, Artigas foi convidado para integrar o corpo docente, mas declinou o convite. Não obstante a recusa, proferiu inúmeras palestras e sua produção influenciou toda uma geração de alunos.
Muitas obras de Artigas representam a interpretação da “casa paranaense” remetendo sempre às memórias de sua infância no Paraná.
Os quase 700 projetos realizados numa profícua carreira e o contato com profissionais de outros países, deram a Artigas reconhecimento internacional e seu nome, anos após seu falecimento, continua como um dos mais respeitados entre os arquitetos brasileiros.
Artigas é hoje o arquiteto brasileiro mais premiado pela UIA do século XX.
Cronologia de sua obra
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- Em São Paulo
- Em Guarulhos
- 1968-1972 - Conjunto habitacional Zezinho Magalhães Prado (popularmente conhecido como Parque CECAP)
- 1961 - Inaugurado Ginasio Estadual de Guarulhos (hoje E.E. Conselheiro Crispiniano) - http://www.conselheirocrispiniano.com.br
- Em Itanhaém
- 1959 - Escola de Itanhaém
- Em Londrina
- 1950 - Antiga Estação Rodoviária (Atual Museu de Arte de Londrina)
- 1950 - Casa da Criança
- 1952 - Cine Ouro Verde
- 1953 - Edifício Autolon
- Em Curitiba
- 1946 - Dupla residencia para seus irmãos
- 1946 - Hospital São Lucas
- 1953 - Residência Bettega
- Residência Niclevicz
- Em Jaú
- 1971 - Estádio Zezinho Magalhães
- 1973 - Estação Rodoviária
- 1973 - Edifício do Paço Municipal (Prefeitura)
Casa do Arquiteto, São Paulo SP. Vilanova Artigas, 1949. Foto Nelson Kon
A Instituição
A Casa Vilanova Artigas é uma instituição privada sem fins lucrativos que tem como objetivo divulgar a obra de Vilanova Artigas, apoiar e promover ações em prol dos conhecimentos da arquitetura.
http://www.g-arquitetura.com.br/
Edifício Louveira
Louveira é um edifícioresidencial multifamiliar localizado no bairro de Higienópolis nacidade de São Paulo. Foi projetado em 1946 por Vilanova Artigas em parceiria com o também arquiteto Carlos Cascaldi e é considerado um importante representante da arquitetura moderna naquela cidade. A obra caracteriza-se pela composição de duas lâminas paralelas, uma com sete e outra com seis andares e intermediadas por um pátio interno ajardinado. A implantação propiciou a integração visual do espaço público e privado, assimilando a praça Vilaboim, que está em frente, ao interior do edifício.
Rodoviária de Jaú
Estádio do Morumbi
Fachada de casa projetada pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas na zona oeste de São Paulo
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Sete obras do arquiteto modernista Vilanova Artigas (1915-1985) foram protegidas nesta segunda-feira (16/01/2012) pelo Condephaat (patrimônio histórico estadual).
Embora natural de Curitiba (PR), Artigas foi um dos mais importantes arquitetos do movimento que ficou conhecido como escola paulista de arquitetura.
Na segunda-feira (16), as duas casas construídas pelo arquiteto para moradia própria no bairro do Campo Belo, na zona sul de São Paulo, tiveram processo de tombamento aberto.
Com isso, ambos os imóveis, construídos em um mesmo terreno (em 1942 e em 1949), ficam protegidos contra intervenções até que se decida pela proteção definitiva.
Sobre a importância dessas casas, o Condephaat cita a liberdade do arquiteto "ao propor moradias com fluidez dos ambientes e jogo de volumes e superfícies", além de "romper dogmas e se afastar das influências dos fundadores da arquitetura moderna Le Corbusier e Frank Lloyd Wright".
Mais dois imóveis ficaram provisoriamente protegidos ontem. Outra casa, no bairro do Pacaembu (zona oeste), conhecida como residência Rio Branco Paranhos (de 1943), e o Santa Paula Iate Clube, que já era tombado pela prefeitura.
O Iate Clube, construído em 1976, apresenta características da arquitetura brutalista, com grandes vãos livres e estruturas de concreto armado, a exemplo do edifício da FAU (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo), da USP, projeto bastante conhecido de Artigas, tombado desde 1982 pelo Condephaat.
PROTEÇÃO DEFINITIVA
Também ontem, três edifícios projetados por Artigas foram definitivamente tombados. O ginásio do município de Guarulhos (de 1961), a rodoviária da cidade paulista de Jaú (1975) e a escola estadual Conceiçãozinha (1976), no Guarujá.
O edifício Louveira, em Higienópolis (centro), outra obra muito divulgada do arquiteto, já havia sido tombado em 1992.
via folha de São Paulo em janeiro de 2012
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Uma casa de Vilanova Artigas restaurada por Marcos Bertoldi
Difícil não acreditar em destino quando se ouve uma história como esta. Desde a época de estudante, o arquiteto curitibano Marcos Bertoldi tinha esta casa guardada em seu “altar de obras sagradas”. Trata-se de uma das duas residências assinadas pelo arquiteto João Batista Vilanova Artigas remanescentes em Curitiba. Certa vez, uma cliente comentou que a “casa do Artigas” estava à venda e Marcos viu ali uma chance de visitar o local. Chamou uma corretora de imóveis, negociou a proposta e acabou comprando a residência projetada pelo mestre do Modernismo. Mais tarde veio a saber que sua cliente referia-se a outra propriedade da família Artigas, e não a projetada pelo arquiteto. Enfim, o destino se incumbiu de entregar a casa certa à pessoa certa. Isso foi há nove anos, quando Bertoldi mudou-se para lá com a esposa e a filha, e há três montou ali também seu escritório. Assim que recebeu o imóvel, o arquiteto pesquisou sobre a obra icônica de Artigas nos arquivos da FAU-USP e encontrou toda a documentação da residência projetada em 1978 e concluída em 1981. Com o projeto executivo, estrutural e croquis iniciais em mãos, deu início à recuperação da casa de 620 m². “O estado de conservação era péssimo, com goteiras e infiltrações”, conta o arquiteto, que reformou o imóvel enquanto morava nele. Além de trocar toda a parte hidráulica, impermeabilizou as lajes, se desfez de um telhado falso que havia sido acrescentado e substituiu o carpete pelo piso de borracha preto.
via CasaClaudiaLuxo e outras fontes da internet.