Para atender à demanda do Estado do Rio de Janeiro foi prevista a construção de duas unidades: um hospital com 200 leitos e um centro de reabilitação infantil. O sítio para a construção das duas unidades, indicado pelo então prefeito do Rio de Janeiro João Paulo Conde, a pequena ilha Pombeba na lagoa de Jacarepaguá, embora excelente por sua localização privilegiada, seria insuficiente para abrigar o extenso programa proposto para as duas unidades. Além disso, as posturas municipais para edificações na região que circunda a lagoa estabelecia uma ocupação de apenas 10 por cento da área total, ou seja cerca de 5.500m2, área suficiente para abrigar apenas o centro de reabilitação. áreas verdes adjacentes ao edifício ali implantado, a vegetação de restinga autóctone que outrora predominava em toda a região da lagoa. Na administração do Prefeito César Maia, que sucedeu à de João Paulo Conde, foi concedida à Associação das Pioneiras Sociais para a construção do hospital uma outra área maior (80.000m2) também próxima da lagoa Jacarepaguá e a uma distância de cerca de 3km da ilha Pombeba.
PROGRAMA
• Ambulatório
• Setor de imagem com ressonância magnética, tomografia computadorizada, ultrasonografia e dopler trans-craniano.
• Setor de eletromiografia.
• Sala de curativos.
• Sala de gesso
• Pequena oficina ortopédica.
• Salões para fisioterapia e hidroterapia.
• Ginásio com quadra de esportes
• Garagem para barcos.
• Setor de serviços gerais com vestiários para 130 funcionários , administração, manutenção, cozinha, almoxarifado, refeitório, centrais de abastecimento, etc.
DIRETRIZES BÁSICAS DO PARTIDO
As principais diretrizes do partido foram as seguintes:
• localizar o conjunto de edifícios na área degrada pela ocupação anterior, preservando toda a vegetação autóctone remanescente no perímetro da lagoa.
• não empregar galerias de tubulações semelhantes às dos demais hospitais da rede Sarah, devido ao afloramento do lençol freático em toda a área da ilha.
• utilizar sistema de iluminação e ventilação naturais em todo a unidade e, simultaneamente, a alternativa de ar condicionado para as áreas de diagnóstico e tratamento.
CONFORTO AMBIENTAL
O clima do Rio de Janeiro caracteriza-se pelas mudanças significativas de temperatura durante o ano inteiro, podendo ultrapassar 35 graus centígrados até nos períodos de inverno. Esse fato, reforçado pelo marketing das industrias de climatização, além de criar a cultura dos espaços herméticos permanentemente com ar condicionado, vem gerando entre os profissionais de arquitetura, um crescente desinteresse pelas alternativas de ventilação e iluminação naturais que além de mais econômicas, constituem fator importante para a humanização dos ambientes. Isto sem mencionar também o descaso pela proteção térmica das fachadas e coberturas, o que acarreta desperdício adicional de energia para o próprio funcionamento dos sistemas de refrigeração adotados. Além disso, a falta de integração entre os projetos de ar condicionado e os de arquitetura, dificulta a solução de questões técnicas importantes como, por exemplo, a acessibilidade aos dutos que, sem uma higienização sistemática, ficam infestados de fungos, ácaros e bactérias. Esse tipo de problema, no caso de hospitais, tem conseqüências muito graves porque se, por um lado, os dutos passam a ser também difusores de bactérias, incluindo naturalmente as patogênicas resistentes aos antibióticos, por outro, os pacientes, fragilizados por suas próprias doenças, tornam-se menos imunes a contrair as infecções. Ou seja, os ambientes tornam-se mais propícios a disseminação da infecção cruzada contribuindo eficientemente para o aumento da temida infecção hospitalar que assola a maioria dos nossos hospitais. Levando em conta todos esses aspectos, nossa proposta para o conforto ambiental dessa unidade baseou-se sobretudo nos seguintes cuidados:
• Emprego de sistemas de iluminação e ventilação naturais para todos os ambientes do edifício.
• Emprego alternativo de ar condicionado para as áreas de diagnóstico, tratamento e administração.
• Emprego de sistema de acionamento do ar condicionado de cada ambiente sincronizado com o do movimento motorizado das respectivas esquadrias dos sheds, de modo a facilitar a eventual alternância no uso dos dois tipos distintos de ventilação.
SISTEMA CONSTRUTIVO
O emprego generalizado de sistema de ar condicionado determinou o redesenho dos sheds de modo a criando-se em seu arcabouço nichos adequados para a passagem dos dutos de ar condicionado. Além disso, os pés direitos e as aberturas dos sheds também tornaram-se mais altos de modo a aumentar a velocidade de extração do ar quente que sobe por tornar-se mais leve. Os demais componentes da construção tais como estrutura metálica, divisórias em argamassa armada, etc, são idênticos aos utilizados nos demais hospitais da rede.
HOSPITAL DO RIO DE JANEIRO
O terreno destinado ao hospital ocupa uma quadra de cerca de 80.000m2 situada próxima à Lagoa de Jacarepaguá em uma região baixa parcialmente inundada. Na época em que o projeto foi elaborado a malha urbana da região e os grades do sistema viário ainda não estavam completamente fixados. Os órgãos da prefeitura responsáveis pelo desenvolvimento urbano da região desaconselhavam a locação de pavimentos abaixo da cota 2m por estarem sujeitos a inundações provocadas pela eventual elevação do nível da lagoa. Além disso, cerca de 70% da área do terreno situada na cota média de 0,70m, apresentava uma espessa camada de turfa e de matéria orgânica que teriam que ser expurgados para a realização de qualquer tipo de construção ou de pavimentação. Assim, sob o ponto de vista econômico os indispensáveis aterros para a implantação do edifício e para a própria modelação do terreno destinada à execução do sistema viário interno
passaram a exigir um cuidado especial.
DIRETRIZES BÁSICAS DO PARTIDO
• adoção de uma solução horizontal com áreas de tratamento e de internação integradas a espaços verdes segundo os padrões dos demais hospitais da rede.
• aumentar o potencial de flexibilidade dos espaços internos em comparação com as demais unidades da rede em função sobretudo da maior complexidade desse hospital que deverá absorver a demanda de toda a região sul do país.
• criar sistema de iluminação natural para todas as áreas do hospital com exceção do centro cirúrgico e salas de equipamentos em que por motivos exclusivamente técnicos seja recomendável a iluminação artificial.
• criar sistemas alternativos de ventilação natural e ar condicionado privilegiando o primeiro de modo a permitir que os ambientes se mantenham abertos durante a maior parte do ano.
• criar, na cota 2m recomendada, um pavimento técnico em toda a extensão do hospital, evitandose os aterros onerosos que seriam necessários no caso do emprego de galerias semelhantes às dos demais hospitais da rede.
Assim, foram projetadas grandes coberturas com pés direitos variáveis superiores a 8m formando grandes sheds cuja disposição é totalmente desvinculada da organização dos espaços internos. Os tetos planos dos ambientes são constituídos de peças basculantes em policarbonato guarnecidas por caixilhos metálicos. O espaço resultante entre os tetos e as cober turas, com pés direitos sempre superiores a 4m, constituem ao mesmo tempo um grande colchão de ar ventilado e um difusor da luz solar que penetra pelas aberturas dos sheds. Os apartamentos da internação se desenvolvem em dois níveis e suas respectivas circulações se integram a um espaço central de convivência com pé direito duplo. O teto em arco é guarnecido por caixilhos de policarbonato que se abrem através de sistema motorizado de corre, permitindo a ventilação natural de todo o ambiente. Os tetos dos salões da fisioterapia e hidroterapia também são constituídos de coberturas em arco com vãos variáveis e sistema de ventilação e iluminação semelhantes ao do espaço de convivência. O auditório foi tratado como um volume independente de base circular com 36m de diâmetro guarnecido em seu topo por uma semi-esfera com 13m de diâmetro. Sua forma geométrica é bem definida facilitando sua produção industrializada, embora sua implantação, como melhor convinha à solução do espaço interno, ocorra segundo um plano inclinado em relação ao eixo da geratriz da superfície.
CONFORTO AMBIENTAL
A ventilação e conforto térmico dos ambientes são proporcionados pela seleção de três alternativas distintas:
• ventilação natural exclusivamente pelos basculantes do teto ou pelas grandes aberturas dos tetos em arco previstos no salão central de convivência, na fisioterapia e hidroterapia.
• ventilação natural forçada, através de dutos visitáveis, que insuflam nos ambientes o ar captado por unidades fan-coil no piso técnico. A extração dor ar é feita através dos basculantes do teto parcialmente abertos.
• ar refrigerado insuflado através dos mesmos dutos da alternativa anterior impulsionado pelas unidades fan-coil, que passam a receber circulação de água gelada produzida na central frigorígena localizada no páteo de serviço.
Neste caso, os basculantes do teto e aberturas dos tetos em arco do salão central da internação, da fisioterapia e hidroterapia serão fechados através de sistema motorizado acionado por interruptores ou por controle remoto. No centro cirúrgico, salas de equipamentos do setor de imagem e em alguns ambientes especiais, os basculantes de policarbonato serão substituídos por forros metálicos e sua iluminação será sempre artificial. No auditório circular também foi prevista a alternativa de iluminação e ventilação naturais através da abertura da semi-esfera com 13m de diâmetro localizada no topo da cobertura. O ar externo penetra no piso técnico em toda a fachada ao longo da qual se desenvolve um jardim de água que recebe as águas pluviais de todo o lote, lançando-as diretamente na lagoa de Jacarepaguá.
SISTEMA CONSTRUTIVO
A estrutura do piso técnico é constituída de vigamento metálico vencendo vãos de 2,50m, 3,125m, 3,75m ou 5m apoiado em pilares também metálicos que recebem, por sua vez, as cargas das lajes pré-fabricadas em argamassa armada com 0,625m de largura e comprimentos variáveis de 2,50m, 3,125m ou 3,75m. Essas lajes possuem armação de incorporação ao contra-piso armado executado após sua montagem. A estrutura do auditório é constituída de vigamento radial engastado em anel metálico superior com 13m de diâmetro e em anel de concreto inferior apoiado em pilares também de concreto. O anel superior é coberto por uma semi-esfera constituída de gomos móveis executados em alumínio. A estrutura dos solários é independente e constituída de duas plataformas metálicas, uma em cada nível dos dois pavimentos da internação. Essas plataformas são engastadas respectivamente em cada um dos lados de um pilar em treliça metálica rotulado ao nível do solo. O sistema estrutural é completado por quatro tirantes ancorados no solo e no topo do mastro e que constituem também os apoios laterais das plataformas.
Créditos: ARQ. PROF. DR. JOÃO FILGUEIRAS LIMA
- Publicação: Hospitalar
- Edição: 1
- Dezembro de 2006
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