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domingo, 23 de outubro de 2011

Cimento queimado: bem-vindo em paredes e pisos..

O cimento queimado conquista fãs por ser uma opção rústica, elegante e, ao mesmo tempo, barata. Mas nada é tão simples: para garantir um piso sem rachaduras e outros defeitos, é preciso atentar para algumas dicas, contar com um profissional especializado e ter uma boa receita em mãos.  

Errei no piso de cimento queimado! E agora?
Tradicional nas casas do interior do país, o piso de cimento queimado virou moda em todos os lugares graças a seu aspecto despojado.  
Bem-vindo na maioria dos ambientes - exceto nas áreas em contato com água, onde se torna escorregadio -, ele é versátil e de fácil limpeza, vantagens que o fizeram conquistar até os consumidores mais exigentes. 
Trincas, manchas e porosidade podem aparecer. Na opinião do engenheiro paulista Marcos Penteado, quando há trincas ou porosidade, convém refazer o piso. "Outra alternativa é recortar as partes trincadas e aplicar tozetos", ensina Marcos. "É um paliativo, já que a interferência ficará aparente", diz o engenheiro Rubens Curti. 
O cuidado na aplicação e a escolha de mão-de-obra qualificada são indispensáveis (veja  abaixo).
Dica do especialista: O morador precisa saber que a laje receberá quatro camadas: primeiro o contrapiso, depois o adesivo que funciona como cola, a massa de cimento queimado de até 10 mm de espessura e por fim, com o piso seco, liso e limpo, demãos de verniz à base d'água."
Rubens Curti, do Laboratório de Concreto da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)

Principais problemas

 
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Trincas: Causadas por pouca água na preparação, evaporação excessiva na cura (deve ser umedecida nos três primeiros dias) ou pelas trepidações da rua. Prevenção: não há o que fazer quanto à última causa. Para as outras, contrate mão-de-obra especializada para preparar a argamassa conforme o ambiente. Lugares expostos a sol, por exemplo, pedem massa mais úmida. Se necessário, faça intervalos menores (60 x 60 cm) das juntas de dilatação.

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Manchas: Tanto as causadas pela concentração de cimento ou de pigmentos coloridos na massa quanto as de café e outros alimentos não são removíveis. Prevenção: na preparação da massa, use areia fina, lavada e clara mesmo para massas coloridas. "Neutra, ela não vai interferir e a cor ficará mais homogênea", diz Rubens. Já para evitar manchas de bebidas ou óleo, aplique, logo após a cura e antes do uso do piso, duas demãos de verniz à base dágua.

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Porosidade: De acordo com Rubens, a água da massa do cimento gera bolinhas de ar e, por questões físicas, elas sobem para a superfície. Prevenção: assim que o pedreiro terminar de aplicar a massa do cimento queimado, ele deverá alisar a superfície com a desempenadeira de aço várias vezes. "As bolinhas precisam sumir nessa etapa", explica Rubens. Caso contrário, elas favorecem a descamação de pequenas partes do piso.

Há empresas que fabricam a massa de cimento queimado pronta. Alguns arquitetos e engenheiros recomendam essas misturas semiprontas pela facilidade de aplicação, mas aconselham a contratação de mão-de-obra especializada que cobra de R$ 22 a R$ 28 o m2 (muitas vezes indicadas pelos fabricantes).

LadrilarTem a mistura de cimento queimado comum (de R$ 12 a R$ 18 o m2*) e cimento polimérico, com pó de mármore, de quartzo e aditivos especiais (de R$ 18 a R$ 23 o m2*). Sessenta cores.

Fábrica de Ornatos Nossa Senhora da Penha
São 40 tons do cimento polimérico (cerca de R$ 20 o m2). Oferece também o kit com juntas de dilatação e resina protetora (cerca de R$ 32 o m2).

NS Brazil
Tem oito cores de cimento polimérico (cerca de R$ 30 o m2*). Lançou recentemente o tecnocimento (R$ 43 o m2), que dispensa juntas de dilatação por ter alta aderência e flexibilidade. Dezesseis cores.
* Não inclui juntas de dilatação nem resinas protetoras.

Principais cuidados
Proteção: pode ser feita com verniz, óleos hidrorrepelentes e ceras vendidos em lojas especializadas, como os três fabricantes acima. As reaplicações dos produtos variam conforme o tráfego de pessoas sobre o piso. A NS Brazil sugere, em geral, um intervalo de três semanas.

Manutenção: é possível lavar o piso com pano úmido, sabão em pó e desinfetantes diluídos. Evite água sanitária. "Algumas pessoas usam ácido muriático para tirar as manchas, mas ele corrói o piso", diz Alan Chu.
 
De olho na mão-de-obra
Só contrate profissionais experientes para fazer o piso. "Não é uma tarefa fácil", revela o arquiteto paulista Alan Chu. Se optar pelos kits prontos, os fabricantes indicam mão-de-obra.
 
Há sugestões até como revestimento de bancada e parede!

Nesta cozinha, o piso de cimento queimado faz bonito, aliado ao ladrilho hidráulico, que forma um tapete no centro do ambiente. O experiente empreiteiro fez uso da seguinte receita: para 4 m² (4 mm de espessura), a massa levou 1 saco de 50 kg de pó de mármore, 1 saco de 25 kg de cimento branco estrutural, 1 litro de adesivo Bianco (da Otto Baumgart) para dar liga à mistura e água até obter consistência pastosa. Sobre o contrapiso nivelado, ele dispôs filetes plásticos que servem de junta de dilatação, evitando trincas, e passou Bianco com brocha (neste caso, melhora a aderência da massa à base). Ela foi aplicada a seguir e alisada com desempenadeira de aço. No dia seguinte, uma lixa fina acabou com as irregularidades. Panos molhados cobriram a superfície por três dias. Ao tirá-los, os pedreiros lixaram o piso e passaram resina própria para pedra.

O revestimento desta sala de estar é de concreto usinado comprado pronto (cimento, água e pedrisco) e dispensa contrapiso. As juntas plásticas de dilatação foram colocadas a cada 3 m. Quanto menor a distância entre elas, menor o risco de trincas. Despejado o concreto, a superfície foi sarrafeada com régua de alumínio. O bambolê (tipo de enceradeira com hélices de aço) alisou e nivelou o piso. Depois de 30 dias (cura), passaram-se três demãos de resina de poliuretano (Alinkol) com intervalos de seis horas. 
 
Aqui não há contrapiso graças ao concreto usinado UFCK 25 (Betoncamp). Após ser compactado na superfície, ele foi sarrafeado com régua de aço e alisado com o bambolê. Para evitar fissuras, manteve-se o cimento molhado, retardando a cura. Nas quinas, foram instaladas barras de ferro antes de jogar o concreto. O revestimento foi cortado em quadros. Aguardaram-se cerca de 30 dias (cura) e aplicou-se nesse intervalo o tarucel, uma espuma de polietileno que delimita a profundidade dos vãos, e as juntas de dilatação de poliuretano. Uma demão de seladora acrílica e outra de verniz acrílico (ambos da Heliocolor) completaram o serviço.  


As juntas plásticas de dilatação foram fixadas no contrapiso nivelado. Para que ele ganhasse aderência, passou-se uma mistura de 2 kg de cimento e Bianco (Otto Baumgart) diluído em água (1:4). Uma farofa de cimento e areia média (1:3) foi despejada em quadros alternados e sarrafeada com régua de alumínio. Depois, iniciou-se a queima: uma nata grossa com 20 litros de água, 13 kg de cimento e 1 litro de Bianco foi alisada sobre a superfície com desempenadeira de aço. No dia seguinte, cobriu-se o piso com uma manta de poliéster (Isocryl), molhando-o por oito dias para ficar vistoso. A cura do concreto levou cerca de três semanas, quando se aplicaram duas camadas de resina acrílica fosca Hiper 409 (Dalle Piagge). 
 

O engenheiro Daniel Hamermesz preparou um contrapiso nivelado e chumbou as réguas plásticas de dilatação a cada 1,50 m². Ele espalhou uma massa pastosa de areia, cimento (3:1) e água intercalando os quadrados, que foram nivelados com desempenadeira de madeira até alcançar 3 mm antes da espessura final do piso. Aguardaram-se quatro dias. A uma mistura pronta (Ladripiso) de cimento branco estrutural e pó de mármore, ele acrescentou Bianco diluído em água (1:1) até obter uma tinta, que foi aplicada com broxa sobre a superfície. No dia seguinte, com esse kit pronto e quantidades menores de Bianco e água, fez uma massa quase seca e espalhou-a sobre o piso com desempenadeira de aço. Após uma semana, passou três camadas de resina acrílica Fuseprotec (Fusecolor).  


Nesta casa de campo, pulou-se a etapa de preparação do cimento: foi escolhido um preparado da Fábrica de Ornatos Nossa Senhora da Penha. Na receita, que leva cerca de 15 ingredientes, optou-se por minérios de quartzo, mais resistentes que o pó de mármore. A instalação foi igual à dos pisos tradicionais: massa colocada sobre o contrapiso com nata adesiva. Os quadrados formados pelas juntas de dilatação plásticas (altura de 4 mm) têm medidas 1,50 x 1,50 m. Depois de pronto, o cimentado secou durante 15 dias antes de receber uma combinação de produtos de alta resistência da marca John Systems, que dão brilho ao piso e prometem durar até 15 anos.
 

A receita do piso de cimento queimado desta casa de praia seguiu os moldes tradicionais, levando cimento estrutural branco, um pouco de cimento cinza e areia branca lavada. O toque inusitado fica por conta das juntas: no lugar das conhecidas tiras de latão ou plástico, desenharam-se frisos paralelos, que enfeitam e também permitem a dilatação do material. Como fazer? Além do cimento queimado, repare que o piso exibe placas cerâmicas de 10 x 10 cm, que realçam a superfície e determinam a distância entre os frisos. A equipe do arquiteto começou demarcando a paginação, com barbantes esticados acima do nível do piso. Antes da aplicação da massa de cimento, assentaram-se as cerâmicas no contrapiso. Depois, com o cimento ainda mole, colocaram-se vergalhões de ferro para formar os frisos. As peças foram retiradas antes de a superfície endurecer completamente. 


Na reforma desta casa, o banheiro, pequeno e sem janela, pedia mais espaço. A pia foi trazida para fora, sobre um aparador, e assim aproveitou-se o vão sob a escada. Para demarcar a área, o piso com cerâmicas do artista Flávio de Carvalho (Dalle Piagge) difere do restante da sala. O cimento queimado dá um toque especial ao cantinho: ele cobre a parede e esconde os tijolos deteriorados. Sobre as peças de barro aparentes, aplicou-se com brocha uma nata de cimento e adesivo para chapisco (Bianco, da Otto Baumgart). Isso protege o material e evita que esfarele.

Este é uma boa ideia para deixar a cozinha com um ar rústico: a bancada de alvenaria recebeu cimento queimado e tampo de angelim-pedra. Essa mesma madeira está no piso presente na sala de estar. 

Na entrada desta casa, ladrilhos hidráulicos formam um par charmoso com o cimento queimado. A princípio, a instalação do cimento queimado com Pó Xadrez foi feita a olho, mas não deu certo e um especialista foi chamado para refazê-lo. Ele dá a dica: “O cimento precisa ser aplicado no mesmo dia em que se prepara o contrapiso, pois ambos devem secar juntos”. Ao combiná-lo com ladrilhos, assente essas peças antes, pois é o cimento que dá acabamento ao piso.

Aqui, o pedreiro preparou uma nata de consistência semelhante à de um creme de leite apenas com água e cimento, aplicou no piso e passou a desempenadeira de metal. Antes que a massa secasse, jogou o pó de cimento. Juntas de dilatação de plástico, colocadas a cada metro, isolam a movimentação dos pisos e evitam trincas.

O cimentado amarelo da NS Brasil foi coberto com a resina CM Forte, da mesma empresa, que reduz a possibilidade de trincas. Ele foi combinado com outro piso – o granilite. O resultado ficou harmônico, mas a execução foi muito difícil. Como os dois materiais são fundidos no local, foi necessário ajustá-los até que estivessem milimetricamente nivelados.

Depois de assentar a cerâmica, o arquiteto teve o capricho de besuntá-la com óleo de cozinha. Assim, a massa de cimento comum, misturada com Pó Xadrez verde e preto, não agrediu as plaquetas. No contrapiso, antes de fazer o cimentado, foram colocados anéis de ferro e vidro jateado blindado para embutir a iluminação. Na manutenção mensal, basta a aplicação de cera incolor, comum.


Presente em toda a casa, o piso de cimento queimado com frisos metálicos foi executado por um especialista. A ceramista Erli Fantini, proprietária do refúgio, queria demarcá-lo com algo feito por ela mesma, por isso criou bolachas cerâmicas de 20 cm de diâmetro. As peças foram instaladas com o contrapiso e os frisos, que servem de junta de dilatação. 

Para resistir ao corre-corre do buldogue, o xodó da casa, privilegiou-se o cimento queimado em pisos e paredes – o taco original só ficou no living, tingido de branco pelo epóxi. Repare como tom acinzentado do cimento na parede realça as cores da luminária de acrílico e das imagens da TV. 

Depois de escolher a seda rústica da cabeceira e a paleta de cores do quarto de casal, a designer de interiores Luciana Penna achava que ainda faltava algo. O arremate foi dado pelo cimento queimado, que, aplicado na parede, destaca o conjunto. Um cuidado fundamental: no dia da aplicação do cimento queimado, a cabeceira precisou ser forrada com plástico para não manchar.
Antes da reforma, esta cozinha era pequena e muito escura. Com a eliminação da lavanderia e da parede que separava este ambiente da sala de jantar, há mais espaço e luz. Em busca de mais claridade, instalou-se um piso de cimento queimado clarinho, que é limpo apenas com pano úmido.
 
O cimento queimado é uma boa aposta para quem tem pressa de mudar e não pretende gastar muito com revestimento. Neste apartamento, tapetes de materiais naturais se encarregam de aquecer a superfície fria. Note como na sala de jantar a rusticidade do revestimento vai bem com a textura da madeira e da palhinha, presentes nas cadeiras e na mesa. 

Fonte: Revista Casa Claudia / Arquitetura e Construção

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