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terça-feira, 22 de novembro de 2011

Um balanço da década de 2000 - Hotéis


Hotel Anhembi Holiday Inn, São Paulo, Miguel Juliano
Hotel Anhembi Holiday Inn, São Paulo, Miguel Juliano
 
Hotel Tauana, Prado, BA, Ana Catarina Ferreira da Silva
Hotel Tauana, Prado, BA, Ana Catarina Ferreira da Silva
 
Setor hoteleiro cresce, mas boa arquitetura ainda é exceção
 
Os dados são da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH Nacional): o Brasil tinha, no final de 2008, cerca de 18 mil meios de hospedagem, com a oferta de 1,1 milhão de quartos (média de 60 por hotel). 

Eles formam a espinha dorsal das atividades ligadas ao turismo, que, segundo a mesma entidade, representa 4% do Produto Interno Bruto nacional.

Esses números tendem a crescer com a realização da Copa de 2014 e da Olimpíada de 2016, e também com a elevação da renda das classes emergentes. E que resposta a arquitetura dará a essa expansão? 

Vai buscar formas de expressão mais legítimas ou continuará produzindo projetos que poderiam estar tanto no Nordeste do país como no Caribe?

A dúvida é pertinente, entre outros motivos porque a seleção da melhor arquitetura de hotéis da década passada traz apenas um exemplo implantado no Nordeste, justamente uma das regiões mais procuradas pelos turistas. 

Essa saudável exceção é o hotel Tauana, na praia de Corumbaú, em Prado, no sul da Bahia.

Pousada Pedra Grande, Imbituba, SC, Miguel e Tagore Pereira
Pousada Pedra Grande, Imbituba, SC, Miguel e Tagore Pereira
 
Garden Hill Small Resort, São João del Rei, MG, Alexandre Bragança, Osmar Barros e Marcos Aguiar
Garden Hill Small Resort, São João del Rei, MG, Alexandre Bragança, Osmar Barros e Marcos Aguiar
 
O curioso é que o Tauana foi desenhado por Ana Catarina Ferreira da Silva, arquiteta portuguesa que, acostumada a passar férias no Brasil, sentia falta de opções de hospedagem que valorizassem a arquitetura do país e mostrassem personalidade diferente dos padrões das redes internacionais.

A brasilidade marcante do trabalho de Ana Catarina transparece também no projeto que Miguel e Tagore Pereira (pai e filho) fizeram para a pousada Pedra Grande, na praia do Rosa, em Imbituba, SC. O pavilhão com seis apartamentos (primeira fase do empreendimento), adaptado à inclinação do terreno, emprega cores e materiais construtivos locais, revelando sua inspiração regionalista.

Hotel Fasano, Rio de Janeiro, Philippe Starck
Hotel Fasano, Rio de Janeiro, Philippe Starck
 
Águas do Treme Lake Resort, Inhaúma, MG, André Abreu e Gustavo Rocha
Águas do Treme Lake Resort, Inhaúma, MG, André Abreu e Gustavo Rocha
 
Minas Gerais entra na lista com projetos em Inhaúma e São João del Rei

O primeiro, o Águas do Treme Lake Resort, fica numa fazenda e foi desenhado por André Abreu e Gustavo Rocha. Articulado em torno de pátios internos, o hotel apresenta como referências visuais marcantes a esbelta marquise de acesso em balanço e a torre sineira, uma alusão aos espaços religiosos.

O segundo, um híbrido de pousada e resort, tem o nome de Garden Hill Small Resort. Alexandre Bragança, Osmar Barros e Marcos Aguiar explicam que sua arquitetura é silenciosa e privilegia a comunicação com o exterior. Um campo de golfe e uma residência existentes foram o ponto de partida do projeto, completado com um bloco pavilhonar de dois pavimentos.

O Hotel Fasano no Rio de Janeiro tem o traço do cultuado designer francês Philippe Starck. A edificação encontra-se na curva que demarca o início de Ipanema. A configuração de fachada, concebida por Starck com a colaboração de Eduardo Mondolfo e Cláudia Ruiza, é secionada em ângulo obtuso, acompanhando o traçado da avenida beira-mar e abrindo visuais que vão da pedra do Arpoador até o morro Dois Irmãos, no final do Leblon.

Antes de instalar-se em território carioca, o grupo paulista Fasano já colocara em operação, em São Paulo, a sua unidade pioneira. Localizada nos Jardins, a torre surgiu a quatro mãos: as de Marcio Kogan (arquitetura) e Isay Weinfeld (interiores), arquitetos que têm escritórios independentes mas são parceiros de longa data. Externamente, o prédio é uma colagem de referências diversas, mesclando protomodernismo, art déco, minimalismo e detalhes de antigas edificações.

Também nos Jardins e próximo da torre do Fasano está outro hotel de alto padrão: o Emiliano. A construção, originalmente projetada como edifício de apartamentos, foi recriada pelo arquiteto Arthur Casas para transformar-se em edifício para hospedagem. A mudança de uso só foi decidida depois de pronta a estrutura, o que, segundo Casas, tornou a tarefa mais trabalhosa.

O circuito paulistano de hotéis de luxo/Jardins completa-se com o Unique. A emblemática nau de cobre, concreto e madeira que flutua sobre jardim de pedra foi desenhada por Ruy Ohtake, reunindo elementos que o consagraram como um dos expoentes da arquitetura brasileira (curvas e empenas de concreto) e inovações, das quais são exemplo a caixilharia e o revestimento de cobre.

A outra categoria de hotéis, a de negócios, pertence o Anhembi Holiday Inn, em São Paulo. Localizado na zona norte, o edifício foi, durante quase 30 anos, um esqueleto que assombrava o Parque Anhembi. Miguel Juliano assina o projeto do hotel, volume retangular que se destaca pelo fechamento em chapa metálica amarela pré-fabricada e material acústico.

Publicada originalmente em PROJETODESIGN

Hotel Fasano, São Paulo, Marcio Kogan e Isay Weinfeld
Hotel Fasano, São Paulo, Marcio Kogan e Isay Weinfeld
 
Hotel Unique, São Paulo, Ruy Ohtake
Hotel Unique, São Paulo, Ruy Ohtake
 

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