Loja Forum, São Paulo, Isay Weinfeld
Possível efemeridade não inibe investimento em espaços internos
A loja-conceito da Forum concebida por Isay Weinfeld, na rua Oscar Freire, foi um símbolo do processo de consolidação dos Jardins como epicentro do luxo em São Paulo. O espaço mescla o rigor formal com elementos contrastantes - a parede de taipa de pilão e a escadaria de pastilhas de vidro em intenso vermelho -, e o resultado é um híbrido de monumentalidade e singeleza.
A partir dessa época, as lojas do entorno passaram por repaginações periódicas, mas a arquitetura da Forum permanece imutável. O projeto também consolidou Weinfeld - na ocasião, já um experiente projetista - como o grande protagonista dos interiores brasileiros da década.
Poucos anos depois ele concebeu a vizinha Clube Chocolate, multimarcas de origem carioca que ganhou linguagem tropical ambientada por palmeiras e muita madeira. Também Marcio Kogan dava continuidade à parceria com a confecção Uma, desenhando a loja do Shopping Higienópolis, em São Paulo.
A partir dessa época, as lojas do entorno passaram por repaginações periódicas, mas a arquitetura da Forum permanece imutável. O projeto também consolidou Weinfeld - na ocasião, já um experiente projetista - como o grande protagonista dos interiores brasileiros da década.
Poucos anos depois ele concebeu a vizinha Clube Chocolate, multimarcas de origem carioca que ganhou linguagem tropical ambientada por palmeiras e muita madeira. Também Marcio Kogan dava continuidade à parceria com a confecção Uma, desenhando a loja do Shopping Higienópolis, em São Paulo.
Llusá Marcenaria, São Paulo, José Alves e Juliana Llusá
Showroom Rimadesio Cinex, São Paulo, Decoma Design
O projeto associou a visualidade etérea da fachada em policarbonato translúcido com o viés tecnológico da iluminação dinâmica e colorida.
Algo similar à essência minimalista da Jefferson Kulig na rua Bela Cintra, criada em parceria por Camila Fabrini e Marta Moreira, um singelo exemplo da linha afeita ao moderno paulista - de que são modelos os projetos de Aurelio Martinez Flores e da dupla José Alves e Juliana Llusá paras as lojas de móveis Montenapoleone e Llusá Marcenaria.
São volumes suspensos, em balanço ou com apoio central, aos quais se somam superfícies revestidas, iluminação cenográfica e objetos de design, e tem-se a variante das lojas com dose extra de sofisticação. É o caso ainda, em São Paulo, do showroom de móveis e esquadrias Rimadesio Cinex, criado pela equipe da Decoma Design; da loja de móveis Micasa, de autoria do estúdio Triptyque; e da Mandi, projeto de Gui Mattos.
Algo similar à essência minimalista da Jefferson Kulig na rua Bela Cintra, criada em parceria por Camila Fabrini e Marta Moreira, um singelo exemplo da linha afeita ao moderno paulista - de que são modelos os projetos de Aurelio Martinez Flores e da dupla José Alves e Juliana Llusá paras as lojas de móveis Montenapoleone e Llusá Marcenaria.
São volumes suspensos, em balanço ou com apoio central, aos quais se somam superfícies revestidas, iluminação cenográfica e objetos de design, e tem-se a variante das lojas com dose extra de sofisticação. É o caso ainda, em São Paulo, do showroom de móveis e esquadrias Rimadesio Cinex, criado pela equipe da Decoma Design; da loja de móveis Micasa, de autoria do estúdio Triptyque; e da Mandi, projeto de Gui Mattos.
Loja Mandi, São Paulo, Gui Mattos
Havaianas, São Paulo, Isay Weinfeld
Outra vertente foi a de enfoque no design expositivo, como a pioneira Graça Ottoni, de Benedito Fernando Moreira; a World Wine, de Couto e Vasconcelos Arquitetura; e mais recentemente a loja das Havaianas, concebida por Weinfeld. Nesse aspecto, as livrarias protagonizaram um caso à parte na década.
Das intimistas lojas de rua do início da década, como a Mille Foglie, de Cecília Vicente de Azevedo, às novas unidades da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, projeto de Fernando Brandão, deram a virada para a parceria leitura/entretenimento.
Já a paulista Livraria da Vila ganhou projetos sofisticados de Weinfeld - nos Jardins e no Shopping Cidade Jardim -, que encontram correspondência na elegância e circunspecção da proposta de Bel Lobo para a Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, no Rio. Prevaleceu na arquitetura corporativa a solução do espaço total, por vezes integrando de fato, por vezes apenas sugerindo a união dos ambientes.
No início da década, André Vainer e Guilherme Paoliello assumiram o partido industrial do galpão em que foi implantada a agência de publicidade Neogama, em São Paulo, deixando à mostra as instalações, a cobertura de telha ondulada e a elevada altura interna.
Os mezaninos com que setorizaram o programa ocuparam volumes autônomos e envidraçados, ora intercalados a superfícies coloridas que contrabalançam a aparência impessoal da arquitetura. Ao longo da década, os escritórios de publicidade acabaram por dar vida à vertente cenográfica dos interiores corporativos, nas suas variantes do tecnológico ao fluido, à linguagem orgânica.
Destacam-se a profusão de vidros curvos e coloridos, os contrastes intensos de tonalidades, de matiz ou de texturas dos materiais, características presentes nos projetos da Francis-SP e da agência Y&R, ambos do NPC Grupo Arquitetura, e na MatosGrey, de Rocco Associados.
Também marcantes são a visualidade purista do projeto do escritório carioca Bernardes & Jacobsen Arquitetura para a agência MPM, em São Paulo, e a arquitetura orgânico paulista da agência Loducca nos Jardins, concebida pelo Triptyque. Na primeira a madeira é protagonista, empregada com rigor geométrico, enquanto na segunda misturam-se as superfícies de concreto aparente com o invólucro sinuoso de madeira da fachada.
Nos anos derradeiros da década, a sustentabilidade entrou na pauta da arquitetura corporativa, sendo exemplos os projetos de Betty Birger para a sede administrativa da Organização Odebrecht, no edifício Eldorado Business Tower, preparado para receber certificação Leed e de Moema Wertheimer para a Boehringer Ingelheim Brasil, ambos localizados em São Paulo.
A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, e o Gero no Rio de Janeiro, de Fernando Iglesias e Aurelio Martinez Flores, respectivamente, simbolizam o contraponto à efemeridade de muitos dos empreendimentos gastronômicos, permanecendo na ordem do dia em virtude do aspecto atemporal da relação entre o construído e o natural no Rubaiyat e do misto de rigor artesanal e frescor da arquitetura de Flores.
Das intimistas lojas de rua do início da década, como a Mille Foglie, de Cecília Vicente de Azevedo, às novas unidades da Livraria Cultura no Conjunto Nacional, projeto de Fernando Brandão, deram a virada para a parceria leitura/entretenimento.
Já a paulista Livraria da Vila ganhou projetos sofisticados de Weinfeld - nos Jardins e no Shopping Cidade Jardim -, que encontram correspondência na elegância e circunspecção da proposta de Bel Lobo para a Livraria da Travessa, no Shopping Leblon, no Rio. Prevaleceu na arquitetura corporativa a solução do espaço total, por vezes integrando de fato, por vezes apenas sugerindo a união dos ambientes.
No início da década, André Vainer e Guilherme Paoliello assumiram o partido industrial do galpão em que foi implantada a agência de publicidade Neogama, em São Paulo, deixando à mostra as instalações, a cobertura de telha ondulada e a elevada altura interna.
Os mezaninos com que setorizaram o programa ocuparam volumes autônomos e envidraçados, ora intercalados a superfícies coloridas que contrabalançam a aparência impessoal da arquitetura. Ao longo da década, os escritórios de publicidade acabaram por dar vida à vertente cenográfica dos interiores corporativos, nas suas variantes do tecnológico ao fluido, à linguagem orgânica.
Destacam-se a profusão de vidros curvos e coloridos, os contrastes intensos de tonalidades, de matiz ou de texturas dos materiais, características presentes nos projetos da Francis-SP e da agência Y&R, ambos do NPC Grupo Arquitetura, e na MatosGrey, de Rocco Associados.
Também marcantes são a visualidade purista do projeto do escritório carioca Bernardes & Jacobsen Arquitetura para a agência MPM, em São Paulo, e a arquitetura orgânico paulista da agência Loducca nos Jardins, concebida pelo Triptyque. Na primeira a madeira é protagonista, empregada com rigor geométrico, enquanto na segunda misturam-se as superfícies de concreto aparente com o invólucro sinuoso de madeira da fachada.
Nos anos derradeiros da década, a sustentabilidade entrou na pauta da arquitetura corporativa, sendo exemplos os projetos de Betty Birger para a sede administrativa da Organização Odebrecht, no edifício Eldorado Business Tower, preparado para receber certificação Leed e de Moema Wertheimer para a Boehringer Ingelheim Brasil, ambos localizados em São Paulo.
A gastronomia foi pauta recorrente na década. Em meio à profusão de restaurantes, bares sofisticados ou despretensiosos, padarias e cafés com ares de armazém, iogurterias, sorveterias, frutarias para a longa permanência, chefes festejados, além de espaços para culinárias regionais, os anos 2000 viram o surgimento de inúmeros restaurantes.
A Figueira Rubaiyat, em São Paulo, e o Gero no Rio de Janeiro, de Fernando Iglesias e Aurelio Martinez Flores, respectivamente, simbolizam o contraponto à efemeridade de muitos dos empreendimentos gastronômicos, permanecendo na ordem do dia em virtude do aspecto atemporal da relação entre o construído e o natural no Rubaiyat e do misto de rigor artesanal e frescor da arquitetura de Flores.
Loja Graça Ottoni, Belo Horizonte, Benedito Fernando Moreira
Livraria Cultura/Conjunto Nacional, São Paulo, Fernando Brandão
Livraria da Vila/Shopping Cidade Jardim, São Paulo, Isay Weinfeld
Francis-SP, São Paulo, NPC Grupo Arquitetura
Agência Y&R, São Paulo, NPC Grupo Arquitetura
De modo análogo, o projeto de André Vainer e Marcelo Ferraz para o restaurante e choperia do Sesc Pompeia destaca-se tanto pelo caráter histórico do diálogo com a arquitetura de Lina Bo Bardi, como pela coerência do conceito de espaço coletivo e produção seriada.
Mauro Munhoz flertou com a linguagem dos projetos residenciais na volumetria e na espacialidade da Hamburgueria Nacional, localizada em São Paulo, reproduzindo os grandes panos do telhado em água e a proporção horizontal recorrentes nas casas de sua autoria.
Também veio a público a veia espacial do designer e arquiteto Carlos Motta, autor do projeto da pizzaria Quintal do Brás, onde a exuberância da vegetação no pátio posterior faz lembrar a parede verde que Arthur Casas colocou em destaque no restaurante Kaá, de culinária contemporânea.
Por outro lado, foi vasto nos últimos dez anos o panorama estético dos restaurantes de comida japonesa, desde o mais tradicional Kosushi, também de Arthur Casas, até o pop Shimo, de Marcelo Rosenbaum.
Este buscou inspiração na atual visualidade urbana do Japão, iniciativa adotada também em vertente de projetos baseados no resgate de regionalismos gastronômicos e culturais. É o caso, por exemplo, do restaurante Dalva e Dito, criado por Rosenbaum para o chefe Alex Atala.
Mauro Munhoz flertou com a linguagem dos projetos residenciais na volumetria e na espacialidade da Hamburgueria Nacional, localizada em São Paulo, reproduzindo os grandes panos do telhado em água e a proporção horizontal recorrentes nas casas de sua autoria.
Também veio a público a veia espacial do designer e arquiteto Carlos Motta, autor do projeto da pizzaria Quintal do Brás, onde a exuberância da vegetação no pátio posterior faz lembrar a parede verde que Arthur Casas colocou em destaque no restaurante Kaá, de culinária contemporânea.
Por outro lado, foi vasto nos últimos dez anos o panorama estético dos restaurantes de comida japonesa, desde o mais tradicional Kosushi, também de Arthur Casas, até o pop Shimo, de Marcelo Rosenbaum.
Este buscou inspiração na atual visualidade urbana do Japão, iniciativa adotada também em vertente de projetos baseados no resgate de regionalismos gastronômicos e culturais. É o caso, por exemplo, do restaurante Dalva e Dito, criado por Rosenbaum para o chefe Alex Atala.
Agência MPM, São Paulo, Bernardes & Jacobsen Arquitetura
Agência MatosGrey, São Paulo, Rocco Associados
Sede da Odebrecht, São Paulo, Betty Birger
Agência Loducca, São Paulo, Triptyque
Agência Neogama, São Paulo, Vainer e Paoliello
A Figueira Rubaiyat, São Paulo, Fernando Iglesias
No extremo do design total dos espaços para a alimentação, os estúdios Mattar Design e Seragini Farné Guardado foram da escala do objeto à arquitetônica na concepção, respectivamente, da comedoria do Sesc Santana e do café Octavio, cuja volumetria arquitetônica deriva do símbolo criado para a marca.
Das boates inauguradas na década, a Disco, em São Paulo, teve projeto de Weinfeld. Recentemente reformulada, mantém o partido de longos percursos e superfícies brilhantes contrapostas à visualidade predominantemente escura dos revestimentos.
A Club Nox, de Metro Arquitetura e Juliano Dubeux, no Recife, e a mineira Roxy, de Fred Mafra, são representativas da vertente da arquitetura líquida, de espacialidade mutante, enquanto a Stereo, de Marco Domini, e a D-Edge (recentemente ampliada com projeto de Muti Randolph em parceria com Triptyque) marcaram a retomada boêmia do bairro paulistano da Barra Funda. Assim como fez o projeto de Eduardo Chalabi para o bar Volt, na baixa Augusta.
Das boates inauguradas na década, a Disco, em São Paulo, teve projeto de Weinfeld. Recentemente reformulada, mantém o partido de longos percursos e superfícies brilhantes contrapostas à visualidade predominantemente escura dos revestimentos.
A Club Nox, de Metro Arquitetura e Juliano Dubeux, no Recife, e a mineira Roxy, de Fred Mafra, são representativas da vertente da arquitetura líquida, de espacialidade mutante, enquanto a Stereo, de Marco Domini, e a D-Edge (recentemente ampliada com projeto de Muti Randolph em parceria com Triptyque) marcaram a retomada boêmia do bairro paulistano da Barra Funda. Assim como fez o projeto de Eduardo Chalabi para o bar Volt, na baixa Augusta.
Publicada originalmente em PROJETODESIGN
Comedoria do Sesc Santana, São Paulo, Mattar Design
Restaurante Kaá, São Paulo, Arthur Casas
Restaurante Dalva e Dito, São Paulo, Marcelo Rosenbaum
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