Em vez de demolir o antigo sobrado paulistano, a família pediu ao arquiteto Mauro Munhoz um projeto de reforma. A proposta preserva a estrutura original e marca claramente as intervenções.
Filho de pai francês, o cliente tinha uma ideia forte de que uma casa não se demole, se transforma”, afirma ele, que também aborda a questão sob a óptica da sustentabilidade. “O impacto de uma demolição não se dá tanto no orçamento, mas sim no meio ambiente”, fala.
Assim, o projeto de reforma manteve a estrutura básica da casa, de alvenaria. Em bom estado, ela dispensou reforços e sofreu poucas adaptações internas. O ganho de área veio com as ampliações: para suprir a demanda por mais quartos.
Dessa forma, o projeto imprime a história da casa – sem negar sua preexistência nem suas feições, agrega a ela elementos novos, numa linguagem que convive com a anterior, da qual a família preserva muitas memórias e ainda pretende guardar outras tantas.
O prolongamento deu origem à suíte do casal. Caixilhos de freijó executados pela MGK.
O núcleo principal da casa, de alvenaria, agora convive com as ampliações de concreto aparente, feito na obra com fôrmas de madeira.
Sustentada sobre quatro pilares de concreto, a laje de piso do quarto do casal sombreia a varanda contígua à sala de estar. Neste novo trecho, a cobertura emprega manta termoplástica (Alwitra). Suas abas largas protegem as esquadrias de freijó.
Na entrada, a parede que separava o hall da sala de estar deu lugar à estante de madeira desenhada pelo pai da moradora, o arquiteto argentino Carlos Cermelli. Em toda a área social, revestiu-se o piso com tábuas de cumaru de 7 cm de largura.
Realizada anos antes desta grande reforma, quando a família ainda alugava a casa, a abertura zenital de 50 cm de largura sobre toda a extensão da parede da lareira (4,20 m) ilumina naturalmente este lado da sala. A porta de correr envidraçada liga o ambiente à varanda frontal. Caixilhos de alumínio da Reinstal Esquadrias Metálicas.
Nas duas pontas da lareira, portas de vidro dão passagem para os jardins laterais. Além de serem um recurso de circulação, elas reforçam a luz natural no ambiente. Ao fundo, encostada no muro que dá para a rua, vê-se a piscina. Em volta dela, o painel de mosaicos de vidro (Vidrotil) leva a assinatura do artista plástico Paulo von Poser.
Graças à integração dos armários (Conferinox) com as janelas, a cozinha tem farta luminosidade natural. "Especificamos caixilhos com contramarcos reforçados, dimensionados para suportar o peso dos módulos suspensos", explica o arquiteto.
Uma passarela no andar superior liga o primeiro pavimento da casa ao da edícula e protege a passagem entre a cozinha e a área da churrasqueira, no térreo. Placas de cimentado interrompem o jardim de seixos neste local.
Muito próxima da cozinha, a área de lazer torna-se mais prática. "É ali que recebemos os amigos. Quase não usamos a sala de jantar", conta o morador. Isolado do solo por uma fina laje de concreto (14 cm de espessura), o piso de cumaru repete-se aqui. O acesso ao segundo andar da edícula também pode ocorrer por uma escada metálica encostada no muro dos fundos.
No quarto do casal, as janelas venezianas formam um U - desenho que potencializa a vista da copa das árvores da rua e ilumina ainda mais o ambiente. As folhas laterais correm por fora da parede. Alinhado com a alvenaria, o parapeito acompanha os caixilhos e serve também para acomodar objetos. Mantida aparente, a laje de concreto atesta: este é um trecho novo da construção
Localizado atrás da escada, que se manteve no mesmo lugar, o lavabo foi apenas alargado. Fechada com vidro fosco, a janela pivotante segue a altura da bancada de mármore carrara e se abre para o corredor lateral. Louças e metais da Deca.
Nada mudou na implantação da casa, que respeita o recuo em relação ao vizinho. Ali, o corredor lateral teve o paisagismo incrementado (trabalho do agrônomo paisagista Ricardo Vianna). As duas jabuticabeiras chegaram ao local já adultas.
Quando as venezianas estão abertas, o espelho à frente da bancada reflete a copa das árvores lá fora. "É como se ele criasse outra janela no ambiente", descreve o arquiteto. Mármore carrara forra o piso, a bancada e o berço da banheira.
A casa cresceu mais em direção à porção anterior do terreno. Ali, a nova cozinha, toda envidraçada, se conecta à edícula com a área da churrasqueira, cerca de 70 cm afastada do muro dos fundos.
Área: 390 m²
Ano do projeto: 2008
Conclusão da obra: 2010
Via Arquitetura e Construção
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