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sábado, 18 de setembro de 2010

A Concepção do Edifício de Saúde

E o alinhamento com a Estratégia Empresarial

As dificuldades para uma empresa de atenção médica e hospitalar ocupar um edifício de saúde,estão se tornando a cada momento, mais variadas e complexas, exigindo dos empresários respostas mais precisas para respaldar a viabilidade de seus empreendimentos.

O edifício de saúde, responsável pela maior fatia de investimentos, requer dos consultores e projetistas uma participação e aprofundamento na estratégia da empresa que virá ocupá-lo, não mais partindo de um Programa Físico funcional, mas sim da essência do negócio, utilizando metodologias e ferramentas que, através de modelagens e simulações torne a concepção espacial viável em sua realização e adequada e flexível, às constantes mutações nos processos, que se alteram frente às exigências do mercado e à introdução de novas técnicas e tecnologias.

Partamos do fato que uma empresa de cuidados médico-hospitalares venha fazer construir e equipar um edifício concebido para acolher os serviços que se dispôs oferecer ao mercado. Portanto, a configuração espacial deverá ser organizada de forma alinhada com a estratégia de como produzir os cuidados à Saúde, dentro dos melhores padrões de qualidade e produtividade, em ambientes que tragam encantamento aos seus usuários, assim gerando satisfação e mantendo uma fidelização.

Voltemo-nos à equação financeira: aquisição do terreno, construção, mobiliário e equipamentos acrescidos de capital de giro, compõem os montantes dos investimentos.

A receita decorrente da prestação dos serviços deverá gerar, honrados todos os demais custeios, um montante que permita a amortização do valor financiado em um determinado período.

Procurando retratar as práticas correntes que envolvem os arquitetos no arranque do projeto arquitetônico de um edifício de saúde, temos como referência básica a Resolução RDC 50 de 21 de Fevereiro de 2002, que dispõe sobre o Regulamento Técnico para Planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de EAS – Estabelecimentos Assistenciais de Saúde, no que toca aos projetos físicos define-se o Programa de Necessidades, descrito como “o conjunto de características e condições necessárias ao desenvolvimento das atividades dos usuários da edificação, que, adequadamente consideradas, definem e originam a proposição para o empreendimento a ser realizado. Deve conter a listagem de todos os ambientes necessários ao desenvolvimento dessas atividades.

Embora a descrição do que venha a ser um Programa de Necessidades, procure explicitar “atividades dos usuários por suas características e condições, que adequadamente consideradas, definem a proposição”, compete façamos algumas considerações:

• A complexidade da organização espacial de um edifício de saúde que chamaremos de “embalagem” é reflexo da própria diversidade dos processos de serviços médicos e hospitalares, que serão nele produzidos para atender aos múltiplos e diferentes tipos e quantidades de demandas, que nomearemos como “negócio”.

Em síntese, a ‘embalagem” deve ser projetada, executada e operada segundo as exigências do “negócio”.

Embora não sejam consideradas atribuições dos Arquitetos a estruturação do perfil do Negócio que se alojará no Edifício sua participação e assessoria serão de extrema e valia quando consultores, administradores e economistas procurarão dar respostas e contribuições a um conjunto de estudos iniciais que chamaremos Esboço do Negócio, que tem como principais objetivos descrever o “negócio” e antecipar sua viabilidade (ou não!!!), percorrendo a seguinte metodologia:

1. Quem! Quantos! Estabelecer uma faixa da população a qual pretendemos dar “cobertura”. Com seus perfis demográficos, de venda e epidemiológicos;

2. O que? Definir os serviços de cuidar que tencionamos prestar.

3. Como! Quanto! Construir o Programa Operacional, que descreve as atividades, e define as receitas e despesas operacionais;

4. Que áreas métricas a serem construídas! Elaborar o Programa Físico com base no item anterior;

5. Esboço da configuração virtual do edifício;

6. Pré-dimensionamento do terreno virtual;

7. Análise e definição da localização urbana.

Compilando os resultados dos itens anteriores, os participes na produção do Esboço do Negócio, disporão dos seguintes estimados de valores de investimentos:
• Terreno
• Projetos
• Construção
• Equipamento e mobiliário que somados resultam o Capital de Investimento total.

Anteriormente no terceiro item, a equação entrada/ saída/sobra ou resultado (ou falta!!!), permitiu obter a dimensão de um valor a ser pré-estabelecido para o parcelamento da amortização de um pleito de Empréstimo.

Ou seja, o “negócio” deverá gerar como resultado um pré-determinado valor para quitação do empréstimo, tornando assim o Empreendimento Viável.

No caso de resultar uma inviabilidade deverão ser realizadas, com a participação de todos envolvidos inclusive dos Arquitetos, Engenheiros e Construtores, algumas simulações:

• Identificar serviços médicos/hospitalares que, gerando melhores resultados, venham ser custeados pelos “agentes pagadores” sejam públicos ou privados.

• Ampliar o leque de ofertas de serviços que, embora de baixo retorno, sejam consumidos em quantidades significantes.

• Reduzir o elenco de serviços previstos para permitir redução de áreas previstas ser construídas.

• Configurar partido arquitetônico que permita expansões progressivas, tendo como embrião menores valores de construção e tecnologia médica de menor custo.

• Eleger para aquisição terrenos com valores mobiliários menos custosos e com financiamentos a prazos mais longos.

O conteúdo da exposição abordará a necessidade de estruturação de um estudo inicial, nomeado “Esboço do Negócio” , que fortalecerá o conteúdo do “ Programa Físico” , orientando de forma mais sólida a concepção arquitetônica e engajando a todos, sejam projetistas, gerenciadores do empreendimento e investidores na rota do sucesso, minimizando esforços e até eventuais desapontamentos.

ARQ. PROF. JOÃO CARLOS BROSS
Diretor da Bross Consultoria e Arquitetura S/C LTDA. Membro da Academia Brasileira de Administradores Hospitalares, IFHE International Hospital Federation, IFHE - International Federation of Health Engineering, ASHE - American Society of Health Engineering. Fundador e Primeiro Presidente da ABDEH - Associação Brasileira para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar.


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